segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Selecionados pelo edital !

Valeu a pena todo nosso trabalho. A Cia da Insônia foi contemplada no Primeiro Edital do fundo municipal de cultura de São Carlos :

Área contemplada: Artes Cênicas
Projeto no 24
Proponente – Anna Theresa Kuhl
Projeto - Sessão Insônia
Valor R$ 5.000,00

Os selecionados pelo edital podem ser conferidos em: http://conselhosaocarlos.blogspot.com/

sábado, 4 de outubro de 2008

Edital


Escrever edital é um saco, mas é preciso. Passamos a noite de quinta fazendo isso. Terça é o prazo. Hoje tem corpo com o David no Janela Aberta, estamos precisando mesmo de um pouco de exercício. Tomara que o edital saia, e a gente pode assim começar um trabalho com a Thaíse, é assim que se escreve o nome dela, ou a Taísi, ou Thaísi, ou Taíze, Taíse? Não? Ah, tomara que vingue. Tomara que dê certo!!!!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Muitas noites sem dormir vem por aí ...


Muitas novidades, muita gente nova se esgueirando... Não sabemos ao certo nossos novos passos, novos rumos. Estamos naquela vígilia, numa névoa que não sabemos onde acaba ...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Foi!

Faz exatamente 1 semana que nos apresentamos no Florestam Fernandes e eu ainda tenho farpas na mão. Eis minha lembrança mais concreta!
Lembro que o nervosismo era sincero e mútuo, principalmente quando faltavam poucos minutos para o espetáculo começar e nós podíamos reconhecer quase todo mundo que entrava no teatro: eram amigos, meio-amigos, conhecidos, professores....!
E lá fomos nós nos jogar aos leões novamente! Com medo, mas com muita vontade de estar alí!

Dançamos em pleno hall, já entrando em transe, escondendo os alunos, amigos e afetos que somos, pra dar lugar aos personagens, esses seres que alí não reconheceriam ninguém, e por isso mesmo não se importariam em dar cachaça para tal ou tal pessoa, dançar na frente, girar, pular, pegar pela mão e conduzir ao nosso "sacrário"particular. Já estávamos tomados. E queríamos tomar a platéia. Seduzir, provocar, contestar, oferecer-nos...

Palmas. É oque me lembro.
Isso sempre acontece comigo.. Não consigo me lembrar direito do que aconteceu entre o nervosismo inicial e as palmas do final. Elipses da vida... Não lembrar direito como foi, só lembrar de como foi bom.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

haja fôlego!

Dito e feito, ou melhor, ensaiado e apresentado. No palco, luzes improvisadas, tules, o cubo debaixo de um foco, um ajoelhador, de reza, mais à frente, caiu como luvas. Tules, algumas flores, e muita empolgação. Tiramos o Jorge, veio a Nina, logo no começo, aquela música é do diabo, bota a gente noutro tipo de transe, tem picos, tem calmaria, é uma música linda... O começo, 19h em ponto, foi meio confuso, as pessoas não entendendo muito, a gente aquecendo/dançando, a Anna botou pinga goela abaixo do povo, e chamou pra entrar, a gente também, enquanto a música rolava. Devagar, fomos em direção ao palco, já prontos pra acolhida, o público sentando no escuro, a gente dançava, pulava, corria, "como vocês aguentam?", "que fôlego, hen", é isso mesmo, haja fôlego, cantar, dançar, correr e pecar numa só peça é muito! Mas ontem passou voando, deu pra aproveitar cada momento, incluir coisas novas, potencializar outras, fingir, rir, olhar bem na cara de quem tava na primeira fileira. Foi mais ou menos assim, nos entregamos sinceros, nos entregamos sóbrios, nos entregamos prontos para quem nem sabia da gente "nem sabia que você era ator", "mas eu não sou" rs, a gente tem muito pela frente, novos temas, novas cores, novos fôlegos, novas entonações e falas, e sobretudo, novos aprendizados. Merda!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Ensaio com Nina

O ensaio foi de todo coerente e condizente. A gente limpou alguns vícios, algumas feiúras na cena, a gente se sincronizou e se conteve mais, se deteve mais à plasticidade e seu potencial. Para apresentar no Florestan precisaria ser assim, recortar o belo e exponenciá-lo até ficar grande. Nossa desenvoltura parecia melhor e o transe foi algo completamente buscado e organizado. Sabíamos que não se podia pecar pelo excesso, mas também a falta não caberia. No Devil Mood, organizamo-nos numa orgia fabulosa e lúdica, sensual e ousada, sentida e centrada, nosso medo agora é o do choque, mas a beleza da cena vai encobrir isso, temos certeza.
Durou breves vinte e um minutos, é o bom para hoje. Vão estar pessoas e pessoas do nosso curso, se surpresa ficarão ou não, aí é problema delas. Chegamos à hora h, ao dia D, à redenção ou à condenação, ao belo ou ao escroto, porém nada secreto, e tudo exposto como uma santa em redoma numa procissão...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

antes do Zé

Nossa próxima apresentação: antes do Zé. Sim, antes do tão aguardado filme de Zé do Caixão, "Encarnação do demônio", próxima quarta dia... 10 de setembro, lá no Cine UFSCar, teatro Florestan Fernandes, às 19h, aonde vamos nos apresentar? Naquele palco frio e distante? Nããão! No hall, perto do público, para que eles nos sintam, nos toquem, nos vejam... Espero que dê certo. Ensaio terça pessoal, depois da aula, fechado!

sábado, 30 de agosto de 2008

uma noite bem dormida


"Forte né?!". É que nós não fazemos teatro para os fracos. A noite apareceu forte e ávida, ligeiramente ácida pra quem não esperava... Um tapa na cara dos fracos despreparados? Não tão isso, acho que foi acolhedor na medida do possível. Nossas pretensões ficaram ao chão, e a entrega era maior, eu olhava face a face e recebia o atentamento, o interesse, que bom, melhor isso, isso me encorajava, e a segurança que nós três tínhamos era tão boa que de um erro ou uma trombada, surgia o improviso. Foi assim na cena com a Sami. (HAHA) E a cachaça no nariz na boca na bochecha na fala, em tudo, a Anna nos encheu de álcool e de movimento, aquela sua saia branca rodando era um espetáculo à parte. A Sami também quando mexe, é um furacão tão familiar, tão terno no palco. Foi tudo que senti ontem na "cidade da orgia e do pecado", muitos diziam: gostei do texto, eu parava pra pensar, mas que texto? Havia textos, mas não texto que se decora e se demora falando, texto que se improvisa e que sai natural, era essa nossa fala. E dos nossos corpos, você não gostou?
Umas cinqüenta pessoas? Menos, né?! O salão era grande, acho que bem menos, trinta, de bom tamanho. Eu encarava cada uma. Ao fim, aplausos, comedidos ou não, eu fiquei surdo, cego, zonzo, a gente profanou, mas artisticamente com respeito, vá dizer.
É minha sensação, e minha profanação comedida, termino o texto agradecendo aos que ajudaram: maurício, thiago, gabi, etc etc etc. Que venha a próxima.

Boa noite, nós somos a Cia da Insônia.

Essa é a Cia da Insônia. Ou pelo menos parte dela, já que agora começaram a se agregar pessoas que sempre tiveram alguma coisa a ver com o trabalho, de alguma maneira, mas que não haviam entrado no processo. Foi assim com o Mau, na hora certa. Com o Thiago também, e logo viram novidades "gráficas" por aí.
Este era o nosso último ensaio, antes do parto que foi ontem. Vontade de sair correndo, até que os amigos começaram a chegar e o ambiente foi ficando acolhedor, a atmosfera deliciosamente iluminada pelas nossas velas, fazendo nosso cruzeiro-oratório-carnaval ir surgindo, a Paris e a cachaça engatilhadas, estreamos.

"Mas vocês são daqui mesmo ?"
"Eu não sabia que existia teatro assim por aqui"
Melhor que o reconhecimento, é o fato de termos feito algo não usual por aqui, é termos tido a coragem de nos mostrarmos ali, de pegarmos fogo, de derretermos, de não sermos mais covardes, de poder falar "tem teatro aqui sim".Essa foi A Santa Pelada, em 29 de agosto de 2008, no Salão Social do CAASO. Um trecho da sessão insônia, que desdobraremos sabe-se lá como .... mas que vai ser maravilhoso descobrir como.
Nós somos eu, Matheus, Sami e Mauricio, despedaçados sobre as calçadas, cegos, nus, putos, santos .....

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

hoje

Depois de nosso ensaio de ontem, permanece a aflição de hoje. É hoje, é hoje, e é hoje. Espero que seja uma apresentação fácil, fluida, familiar e terna. Que eu não sinta medo, nem elas. A questão é: deixar-se levar pelo tema e por tudo que já foi ensaiado, por todo o caminho já percorrido, mesmo se diante de muitas ou poucas pessoas, mesmo se num espaço que nada tem a ver com nossa apresentação. É memória de atuação, é levar-se através do labirinto que já desvendamos, das estradas já desvendadas, do medo já superado. É assim, entregue e familiar. Para que nossa fala e nossa cena seja ouvida e vista da forma mais bonita e sincera possível. Merda pra gente.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Oração de São Jorge

Oração a São Jorge

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge Rogai por Nós.

Preparação e entrega

No ensaio de ontem ordenamos as coisas, as cenas, as possíveis falas, as músicas, os meandros, os medos, e as nuances necessárias para trazer mais lucidez e menos incoerência à peça. Marcamos passos, agora estamos mais afinados, e assim preparados para a entrega que se aproxima. O palco mudou, não vai ser na arquitetura, uma frustração, era tão melhor, mais íntimo, mais livre, mais condizente, agora, num outro palco precisaremos adaptar pares de coisas.
O transe ficou marcado, deu certo ontem, o aquecimento ao som de Jorge Ben fez bem, deu-nos o ritmo certo, o momento certo, e agora que continue assim, manteremo-nos assim, na grande festa da santa-menina morta.
Sinceramente, algumas coisas de produção estão atrasadas, o figurino é uma dúvida, mas estabelecemos que os objetos cênicos serão os dois panos, as velas, o tambor, a cachaça e os tules. Nada mais! Sem dinheiro nem tempo. O som é aquele, as músicas incorporamos as infantis e as de igreja para a procissão, vai ficar bonito, ordenado, e ao mesmo tempo caótico, o que deixou de ser algo ruim e passou a ser uma qualidade, porque agora o caótico é pensado, é organizado e refletido.
Termina aqui meu diário de bordo, a grande festa da santa-menina morta se aproxima, o público eu não sei o que dirá, quem será, mas sabemos que estamos nos encaminhando à lapidação de um espetáculo que antes era somente intuitivo e instintivo, e agora, é consciente.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

descobrimo-nos...caóticos.

O ensaio hoje. A luz do sol incomodou a Anna, ela gosta da noite, dos ensaios à noite, quando íamos até às onze, quase; hoje começou às dez, dez e pouquinho, poucão, né Sami, rs, mas começou bem, e terminou...caótico. Que coisa caótica, estamos há uma semana antes do MACACO, e a gente tá em plena selva de emoção louca, uma doideira, um oratório pervertido, subvertido. Ok, eu gostei, precisava expulsar demônios, mas teatro não é isso, teatro é consciência também, e era isso que faltou, uma entrega consciente, e não uma entrega louca-intuitiva-puramente-visceral, bom, vimos nossos erros: isso funciona, isso NÃO. A gente precisa de mais tempo pra aquecer o corpo e a mente, a gente precisa se concentrar, a gente precisa dos mantras, da frase da Clarice Lispector, a gente precisa da música e do batuque, e a gente precisa precisar mais nossos atos, nossa encenação, afiná-las, taí o problema de "não se ter diretor", ou melhor, de se ter três diretores barra atores, que dentro da cena só enxergam o dentro, e o fora? E as imagens? No fim, chegamos à conclusão de que nossa contenção será aliada de nosso extravasamento, nosso canto, de nossa fala, e o nosso roteiro-guia, uma puta mão na roda! Mas não jaula nem algema, é só lembrete! Finalizamos com a imagem de São Jorge, no cavalo, combatendo o dragão (que é a santa puta), ficou bonito. Por hoje só, fica a indecisão do próximo ensaio, eu já aviso por aqui que volto só na terça, ih! A gente resolve. E beijo a todos os caóticos...como nós.

domingo, 17 de agosto de 2008

entregues à intuição

Uma semana antes da nossa condenação ou redenção, estamos abertos à nossa inconsciência, à nossa vontade de teatro, de voz e corpo em plena coerência e coesão. O nosso tema não é dos mais fáceis, mas surgiu assim, um dia, e agora permeia nossa criatividade: a santa, o oratório, o pecado e o popular.
Ao som de Jorge Ben Jesus Christ is my lord, Jesus Christ is my friend (2x) fazíamos daquele palco improvisado um terreiro ritualístico, e os tules, os panos e penduricalhos compunham nosso cenário... a voz, o aquecimento, as pernas, o tronco, a posição cênica livre punha-nos em ataque, em posição de ataque como São Jorge em cima do cavalo lutando contra os demônios e as bestas famintas, a santa surgia limpa, sozinha, crua, e aos poucos ia se tornando uma personagem densa e cruel, que pesava nas nossas costas, que perdurava...
Aguardamos as luzes de velas se acenderem para começar nosso espetáculo, o terreiro de magia, de sonho, de santo, de samba, de corpos soltos, de voz e vôo. Quarta, dia 26, entregaremo-nos aos leões.

Iniciação

Eis-me aqui, a mais nova integrante da Cia da Insônia!
Como descrever meu primeiro "dia de luta"...? Eu definiria como um ritual de iniciação.
A Anna e o Matheus já haviam trabalhado juntos antes, já conheciam mais ou menos o tempo um do outro... era eu a pessoa a ser "iniciada", a ser "batizada".
E acho que foi o que aconteceu... Deixei-me mergulhar em águas de desvario, me entreguei às manifestações mais primitivas da minha alma.. gritei, chorei, esperneei, rastejei, morri!
Metáfora bonita não?A de "morrer" pra deixar nascer em mim algo que ainda nem sei oque é...!
Não consigo me lembrar de tudo oque se passou, parece que fiquei em transe a tarde inteira! Mas analisando algumas cenas que não se esvaíram de minha memória, acho ainda que estou num estágio primitivo... tudo oque fiz foi muito forte, talvez até exagerado, mas acredito que é esse é apenas o início do processo, essa explosão inicial, esse "vomitar"tudo que 'havia dentro pra deixar o organismo limpo pra um novo tipo de alimento...

Preciso ser lapidada...!

sábado, 16 de agosto de 2008

Bispo Manto do Rosário

A SANTA PELADA

Quinta foi engraçado, o ensaio começou com notícias não tão boas, pessoas saíram, as cenas teriam de ser reformuladas, enfim, tinha tudo pra ser um ensaio sem força, mas não.

David, Anna e eu estávamos presentes, completamente enraizados naquele chão, esperando só o momento de podermos nos despir de pensamentos externos e começarmos a atuação, a entrega, a resistência. O exercício inicial foi uma espécie de mantra atuado, uma Ave-Maria diferente, sentida, os corpos mexendo de acordo com cada palavra, cada frase. Sentir e atuar aquilo eram difíceis, em alguns momentos nos perdíamos na reza, na repetição, no espaço. Depois, fui arremessado aos leões. Num cubículo, um cubo de madeira, tinha de conter meus movimentos e fazer uma cena, pensar numa cena, em palavras, em gestos, não podia parar. O que veio espantou-me, as palavras, a cena: a santa pelada surgiu como quem surge vestida, discreta, depois me tomou o corpo, o pensamento, repeti várias vezes até conseguir um grau de entrega e de concentração que eu jamais imaginava. Sentia-me envergonhado, tal qual o personagem, castrado por me mostrar ali, diante deles, toda minha fraqueza em dizer: “eu era uma santa, uma santa pelada, que mostrava o peito, que se mostrava toda pra todo mundo”. E eu dizia, eu ria, eu me entregava, um cansaço começou a me tomar, e quando parecia rendido e morto, David introduziu a Anna na cena, fizemos tudo com os corpos, com as falas, com a santa.

Rolávamos no chão e esculpíamos imagens belas, mãos entrelaçadas, abraços findos, olhos concentrados. David nos guiava diante de nossas permissões, diante de nossos desmembramentos, diante de nossas loucuras. Confiantes, produzíamos imagens pictóricas, falas esparsas. Revezávamos na santa, mas éramos um só corpo, um só pensamento.

No final, acabou que foi uma criação interessante. Apesar dos pesares, estamos empolgados e queremos continuar. O palco permanece. Permanecemos inertes no estado de entrega, a soltura de nós mesmos nos traz ao compromisso e ao deleite que só nós nos permitimos. Estamos diante de nós mesmos, fonte de arte e de criação.

Num distante 8 de maio de 2008

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Você dorme bem ?

"Somos feitos da matéria dos sonhos, e nossa vida breve se encerra com um sono" (Shakespere, A Tempestade)
Eu nunca durmo. Dormir é para os fracos, e bom dia é para os trouxas. Eu não enxergo nada. Com quem você sonhou? Mergulha no sono como quem mergulha de uma ponte... Sonhei que tinha chifres, bem grandes, desse tamanho! Assim eram nossos encontros, como sonhos de alguém que não dorme. Nós, da Cia da Insônia, nos debatemos nesse espaço do sono, uma vigília constante, tentando nos encontrar e encontrarmo-nos uns aos outros, nossa realidade era o corpo e o que o sono fazia dele, pesados e leves, cansados e acordados, traíamos nós mesmos, e o teatro era nossa redenção.
Através da pesquisa e de improvisações tentamos buscar em nossos corpos as imagens e as perturbações do sono, do sonho e dessa consciência desacordada. Nossos personagens e fantasias nos conduziam à vigília da criação, às vezes turbulenta como pesadelos, ou ainda pior, quando suave e calma como oratórios antigos: a santa pelada surgia resplandecente e recatada, nos abençoando como filhos da desordem, encarcerados no caos da explosão, da erupção que unia nossos corpos numa só massa, feita de areia, fumaça, penas de ganso, passos desordenados, paredes destruídas, labirínticas memórias, casulos de mariposa... “É que um mundo todo vivo tem a força de um Inferno” disse Clarice Lispector, e um mundo todo dormindo é o Inferno próprio. Bem-vindos à sessão insônia!
Anna Kühl e Matheus Chiaratti, integrantes da Cia da Insônia.