"Somos feitos da matéria dos sonhos, e nossa vida breve se encerra com um sono" (Shakespere, A Tempestade)
Eu nunca durmo. Dormir é para os fracos, e bom dia é para os trouxas. Eu não enxergo nada. Com quem você sonhou? Mergulha no sono como quem mergulha de uma ponte... Sonhei que tinha chifres, bem grandes, desse tamanho! Assim eram nossos encontros, como sonhos de alguém que não dorme. Nós, da Cia da Insônia, nos debatemos nesse espaço do sono, uma vigília constante, tentando nos encontrar e encontrarmo-nos uns aos outros, nossa realidade era o corpo e o que o sono fazia dele, pesados e leves, cansados e acordados, traíamos nós mesmos, e o teatro era nossa redenção.
Através da pesquisa e de improvisações tentamos buscar em nossos corpos as imagens e as perturbações do sono, do sonho e dessa consciência desacordada. Nossos personagens e fantasias nos conduziam à vigília da criação, às vezes turbulenta como pesadelos, ou ainda pior, quando suave e calma como oratórios antigos: a santa pelada surgia resplandecente e recatada, nos abençoando como filhos da desordem, encarcerados no caos da explosão, da erupção que unia nossos corpos numa só massa, feita de areia, fumaça, penas de ganso, passos desordenados, paredes destruídas, labirínticas memórias, casulos de mariposa... “É que um mundo todo vivo tem a força de um Inferno” disse Clarice Lispector, e um mundo todo dormindo é o Inferno próprio. Bem-vindos à sessão insônia!
Anna Kühl e Matheus Chiaratti, integrantes da Cia da Insônia.
Um comentário:
Muita anfetamina pra vcs!!!
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