No dia 9 de maio, aconteceu a atividade “Diálogos em Cena”, no espaço cultural do CAASO, um Encontro de Teatro Universitário que contou com a participação dos grupos Acaso e Atuando em Psi (USP) e da Cia da Insônia (UFSCar), seguidos das cenas da Turma 11 da Escola Livre de Teatro de Santo André, "Invasão tropicalista II”, coordenadas por Antônio Rogério Toscano.
O pessoal durante o debate.
A idéia é que os grupos pudessem trocar suas experiências, e apesar de contarmos com poucos representantes do teatro universitário e/ou são carlense (além dos grupos que estavam se apresentando, haviam quatro pessoas daqui), talvez por ser véspera de dia das mães ou por ter tido uma divulgação insuficiente (poucos cartazes, pouco boca-a-boca), o debate foi bem produtivo para quem pôde acompanhar. Foi interessante colocar lado a lado grupos universitários, embora independentes, com a proposta de formação não-acadêmica (e não por isso menos rigorosa) da escola livre, que trata-se de um centro de formação, pesquisa e experimentação das linguagens teatrais de acesso público e gratuito, mantido pela Secretaria de Cultura de Santo André.
Nádia e Marcelo em cena, grupo ACASO
O grupo Acaso apresentou algumas cenas que pareciam pedaços de um quebra cabeça que ainda não foi montado, um pouco dispersas, mas onde se via muita vontade e muito potencial dos atores. O grupo não possui um diretor, portanto o seu processo criativo é movido por uma coordenação compartilhada, o que talvez se reflita na sensação de dispersão. Apesar de ter sido criado dentro da USP, o coletivo teatral conta também com alunos da Federal e está interessado em receber novos membros. O grupo chama a atenção por estar sempre muito interessado, e participar de tudo o que acontece de teatro na cidade. O nome também é interessante, e ainda parece um anagrama da sigla CAASO, embora eles não gostem de ser identificados como o grupo do CAASO.
Cena do grupo ACASO
Cena do trecho de A Santa
A Cia da Insônia apresentou um trecho da peça A Santa, e o grupo Atuando em Psi apresentou algumas esquetes cômicas (?) sobre Lavosier e o bandejão, piadas relacionadas ao dia a dia de um estudante de Física.
Cena do trecho de A Santa
Dá pra ver que o que faz toda a diferença é a formação, quando os aprendizes da ELT se apresentaram. As cenas de "Invasão tropicalista II” eram baseadas em contos do autor Marcelino Freire, e eram muito mais elaboradas cênicamente, corporalmente. A construção de cada uma das cenas parecia levar em conta elementos teatrais que nós ainda não temos domínio, e que só a prática exaustiva pode oferecer.
O debate depois girou em torno das experiências de cada grupo, foi interessante constatar embora nós, da Cia da Insônia, sermos alunos de um curso de Artes, tivemos bem menos apoio que o grupo Acaso, que fica em um campus da USP onde só são oferecidos cursos de engenharia e exatas em geral. Outra questão levantada foi o fato de o teatro que é praticado como atividade extra na Universidade pode se tornar parte de uma trajetória artística e profissional.
Duas das cenas da turma 11 da ELT.
No dia seguinte, às 20 horas, houve a apresentação do espetáculo: "Material Marcelino", um produção da Escola Livre de Teatro de Santo André.
Fotos: Ana Caroline, Anna Kuhl e Henrique.
Um comentário:
Conversávamos outro dia sobre isso, eu e Marta. Ela quem sugeriu a conversa. Quando cheguei à UFSCar em 98, já procurei por teatro. E muita gente procurava. A formação que o fazer teatral propicia para universitários de qualquer curso, em qualquer tempo é única. Tinha gente da enfermagem, da imagem e som, das engenharias, empregada doméstica... todo mundo junto, no Poronga, no Ler Teatro. Foi com leituras dramáticas que pela primeira vez na vida, ganhei dinheiro com teatro, não era um dinheirão,mas dava pra pagar os xerox da faculdade. Foi aí que me deu uma vontade de viver disso. Em todos os sentidos.
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