A Semana de Artes de São Carlos é uma realização do SESC São Carlos em que os portagonistas são os artistas locais, resultando em noites especiais de música, teatro e dança, com a cara da cidade. Além de tudo: as atividades são gratuitas !
Confira a programação completa:
Dia 12 de abril - Intervenção Teatral Nozeróis, com o Grupo Preto no Branco, às 19h.
Logo após: espetáculo Jogos de Assoprar, com a Cia da Insônia, às 20h.
Dia 13 de abril - Cia de Coreográfos, às 20h.
Cinco coreógrafos da cidade trazem o desafio: apresentar ao público o processo de uma criação inédita. A troca de experiências, a união do elenco, a reunião de diversas linguagens da dança, resumindo, um rico encontro de pessoas.
Dia 14 de abril - Camerata Vivacce, às 20h.
Dia 15 de abril - Hamilton e convidados, ás 20h.
Dessa vez, não temos desculpas para não prestigiar !
Um comentário:
Assisti ao espetáculo no SESC. Minha vontade foi naquele mesmo dia chegar em casa e escrever um comentário temperado com o calor do momento. Esperei esfriar para ver o que permaneceria e as impressões continuam tão vivas.
Pra começar eu tinha gostado muito deste nome: 'Jogos de Assoprar'. Achei a peça - podemos chamar assim? - de uma delicadeza enorme.
Das ações e gestos que vi em cima do palco, não havia nenhum que eu já não tivesse realizado. Porém, transportados para aquele espaço e aquele contexto, cada gesto ganhava uma desimportãncia tão presente. As repetições dão no vazio. As repetições dão uma coisa inexplicável dentro da gente, inclusive de ficar perguntando onde aquilo vai dar. A ação parece que tinha que "pegar delírio", como diria Manoel de Barros.
O que me fez gostar da peça é o mesmo que me faz gostar da poesia de Manoel. Isso de dar uma dimensão de mito a coisas ínfimas: uma formiga, um pedacinho de papel...
As mulheres me enganaram o tempo inteiro. Não saberia dizer se eram as personagens ou as atrizes que estavam ali.
De repente me vi diante de um espelho, observando meus própiros e repetitivos gestos cotidianos. Eu nunca me pergunto onde eles vão dar.
Daí, a cena final me transportou diretamente pra Pirituba, onde morei, quando ficava horas no ponto mais alto da casa fazendo bolinhas de sabão. Quanto mais elas duravam, mais meu sopro viajava dentro. Eu queria que elas fossem bem longe, onde meu sopro nunca poderia estar sem elas. Mas isto era uma brincadeira, não um jogo. Como a peça era um jogo, acabou.
Voltei pra casa com vontade de parabenizar vocês e agradecer por este espetáculo que me fez olhar de novo para um monte de coisas que tenho assentadas e suspensas por aqui por dentro. Coisas desimportantes de tão delicadas.
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